sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Roda de Conversa com Profissionais da EJA/SINOP-MT- 02-08-2014

Educação de Jovens e Adultos – EJA – 02-08-2014
Sara Cristina Gomes Pereira – Cefapro/Sinop-MT

Avaliação Como Condição para a Promoção e a Aprendizagem.
O que representa a escolarização para os alunos da EJA?
Que dificuldades encontram estes estudantes ao retomar a escola?
O que os motiva a voltarem à escola e procurar concluir os estudos?
 Como avaliar suas aprendizagens?
Como deve ser o trabalho pedagógico na EJA, para propiciar que os alunos que ali ingressam permaneçam e concluam os estudos?

             Sabe-se que a visão de mundo de uma pessoa que retorna aos estudos já adulto, alguns até mesmo por um grande tempo afastados da escola, ou mesmo aqueles que iniciam sua trajetória escolar nessa “FASE da VIDA” é bastante peculiar.
            Protagonistas de histórias reais, ricos em experiências de vida, com crenças e valores já constituídos a cada realidade um tipo de aluno, pessoas que vivem no mundo do trabalho, com responsabilidades sociais, familiares, crenças e valores éticos, morais formados da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que estão inseridos. Propor uma avaliação apenas de conteúdos seria muito reducionista.
              Considerando que estudos recentes apresentados na Sexta Conferência Internacional de educação de Adultos, realizada em Belém do Pará, em dezembro de 2009, deixou claro o sentido amplo da aprendizagem ao longo da vida, indicando que o Desenvolvimento Humano é um processo contínuo e que dura por toda a vida humana, desta forma entendemos que a idade Adulta é rica em transformações e  ressignificação das aprendizagens.
            Nesta mesma conferência ficou evidente que os adultos, possuem experiências acumuladas com uma visão concreta das situações do cotidiano e que ao ser estimulados pela escola oportunizarão uma aprendizagem significativa para sua vida.
            Desta forma cabe-nos a seguinte pergunta: Como nós educadores podemos olhar para este contexto dos educandos?
            Alguns depoimentos de alunos da EJA tem demonstrado seu desejo de ao terminar os estudos, fazer um curso técnico, talvez continuarem seus estudos em uma faculdade.
            Porém a grande maioria destes estudantes deseja desenvolver na escola a capacidade de realizar com êxito tarefas do cotidiano, decidir, agir com otimismo e segurança. Reconhecem por experiência vivida que a prosperidade não vem sem esforço.
Neste sentido precisamos propiciar um tipo diferente de avaliação.
            Nossa avaliação no decorrer do processo educativo devera nos permitir ver as transformações em nossos alunos, em sua maneira de ser, de se comportar, de se relacionar, e com isso perceber as transformações em seu comportamento e atitudes perante a vida e o mundo que os cercam.
            Nossa avaliação deverá permitir valorizar as conquistas e as vitorias de cada um deles, valorizando a sua perseverança e a esperança, considerando cada conquista obtida com o conhecimento construído.
            Avaliar na EJA significa considerar o olhar sensível de cada estudante seu encantamento com os novos saberes com as novas vivências, ou seja, privilegiar que estes novos saberes proporcionados pela escola os fortaleçam, que o prazer e o encantamento destas novas descobertas seja uma porta aberta para o mundo do conhecimento, oportunizando o exercício do raciocínio lógico, a reflexão, a análise, a abstração ou seja, que o conhecimento científico seja objeto de prazer e alegria para cada estudante.
            Esta forma de avaliação permitirá que o aluno não abandone novamente a escola, não desista de estudar, sendo este o principal desafio do Educador da EJA.
            Sabe-se que grande parte dos alunos Jovens e Adultos que estão na EJA esperam da escola um espaço educativo que atenda suas necessidades como PESSOA e não apenas como alunos que ainda não detém o conhecimento de conteúdos científicos.
Eles acreditam que a escola possa imprimir neles uma marca importante em suas vidas, isto requer do educador sensibilidade pedagógica, observação, escuta e registro de seu percurso educativo, olhar para cada estudante e percebe-lo como principal motivo de nossas ações pedagógicas, sendo ele o protagonista deste processo.
Desta forma cabe a nós educadores e pesquisadores de nossa ação educativa possibilitar que a avaliação vá além da obviedade de uma avaliação de conteúdos formais trabalhados, buscar sempre e valorizar em nossas avaliações a riquíssima construção de vida de cada aluno, propiciando um diálogo entre a vida e a escola, recuperando em cada aluno sua percepção e entendimento de ser social, com pluralidade de interesses.
Incorporando em nossos planejamentos temas diversos, trabalho cooperativo e principalmente segundo o que diz as Orientações Curriculares de Mato Grosso para a EJA, “Estabelecer entre aquilo que ensinamos e a vida concreta dos alunos, modos de tradução que permitam a uns e outros se compreenderem mutuamente. Não basta leva-los a consciência dos saberes formais.”
Aos professores neste contexto avaliativo cabe um mergulho e uma imersão nos saberes, para que os diálogos e articulações de conhecimento se estabeleçam de modo satisfatório.
Sendo assim é Fundamental: transformar a prática avaliativa em prática de aprendizagem
É necessário avaliar como condição para a mudança de prática e para o redimensionamento do processo de ensino/aprendizagem.
É importante compreender que avaliar faz parte do processo de ensino e de aprendizagem:
Não ensinamos sem avaliar, não aprendemos sem avaliar. Dessa forma, rompe-se com a dicotomia entre ensino e avaliação, como se a avaliação fosse apenas o final de um processo.
A escola não é o lugar apenas do conteúdo, mas é o espaço onde aprendemos a construir relações com as coisas – mundo natural e com as pessoas mundo social.
Essas relações devem propiciar a INCLUSÃO de todos e o desenvolvimento da autonomia e auto direção dos estudantes, com vistas a que participem como promotores de uma nova vida social.
Finalizo com alguns questionamentos:
Como cada disciplina e cada área pode criar instrumentos e maneiras que contemple esta forma de avaliar?
Como cada educador pode construir este entendimento, de que a  avaliação não é apenas medida, mais possibilidade de aprendizagem?
Será que as condições de trabalho dos educadores implicam na sua forma de avaliar? ( Carga horária, escolas diferentes, etc...)


Fonte de Pesquisa

Orientações Curriculares para a EJA de Mato Grosso – 2010
Indagações sobre o Currículo: Currículo e Avaliação/ Cláudia de Oliveira Fernandes, Luiz Carlos de Freitas- Ministério da Educação, Scretaria de Educação Básica,2008
Projeto Sentidos e Significados no Contexto Escolar da EJA – Cefapro/2013